quarta-feira, maio 19

O tempo não volta atrás!




Perdemos mais pelo medo do que pelas escolhas. 
Sim, eu tenho medo. Todos temos medo, mas as vezes temos um medo maior de determinada coisa ou situação, algo que nos trava, que nos tira a alegria, que aumenta nossa ansiedade. Teremos medo a vida toda, até por uma questão de sobrevivência. Não posso sair por aí sem medo de absolutamente nada. 
Tenho medo que isso aconteça mas preciso dizer. Não para redimir a minha culpa, consequente de escolhas erradas, mas porque preciso desabafar.
Retirar de mim.
Dar a cara a vida.
Encarar. O medo de errar começou quando eu quis corrigir tudo. Queria ser, ao contrário dos exemplos à minha frente, diferente? Sim. Porém melhor? Perfeita! Seria eu mais esperta, inteligente, esforçada ? ... não, era prepotência, eu queria ser diferente de todos, ter as minhas oportunidades, únicas e criar uma história bem mais à frente. Pois bem, aos "..." anos decidi ser diferente pela primeira vez. (onde estava a minha cabeça?) Decidi que tinha chegado a hora, que era adulta, que tomaria uma decisão que mudaria a minha história e mudou... completamente! 
Queria me tornar uma mulher e feito foi...mas escolhi errado e errei no passado. Totalmente inexperiente e só. Foi quando o medo se apoderou completamente. A minha primeira perda....a minha segurança.
Como a decisão que tinha tomado, apesar de hoje achá-la estúpida, prematura e irresponsável , foi totalmente consciente, e ainda hoje arco com as consequências físicas, mas mesmo assim aos poucos e em silencio segui em frente. 
Acreditando que o futuro fosse um pouco mais doce. E foi...?? O medo de indecisão levou me a cometer erros seguidos, não bastava eu administrar situações insustentáveis até não poder me conter, eu tinha que me sentir maior, neste momento! Além do medo de estar só eu havia descoberto a baixa auto-estima.  Hoje sinto como se boa parte da minha vida estivesse esquecida. 
Não me consigo recordar de datas exatas, somente situações, das quais muitas não me recordo com exatidão. Devo ter criado um bloqueio por sofrer. Porém não é nada crônico, nos últimos tempos venho me recordando de muitas coisas, algumas não tão agradáveis, porém, fazem parte também. =) Eu nunca te quis desapontar, por isso disse muito SIM, quando deveria dizer NÃO. Por isso me submeti a muitas situações que me desvalorizaram, me entristeceram e me deixaram mais sensível, vulnerável a depressão, muitas passei para ser aceite, amada, para criar uma ilusão do que aquilo que magoava não era nada, mas era.
E o medo levava a minha razão. Eu poderia ter evitado situações constrangedoras, poderia não ter magoado algumas pessoas e poderia ter me maltratado menos. Poderia ter colocado o meu ponto de vista com mais afinco, poderia ter resolvido cedo o que resolvi tarde, podia sim, mas não fiz por medo de ser boazinha. Apenas não quis ser vítima mas uma vilã. Lembro-me que assistia a filmes de terror com as mãos nos olhos ou em-baixo de algum lençol, numa tentativa de minimizar o susto que estava por vir ou reduzir o impacto da cena sangrenta demais para meu gosto. 

Mas entre dedos ou por baixo do pano eu olhava e conseguia me assustar. Não adiantava nada. Hoje não mais...não mesmo...o lado obscuro, despertou curiosidades em mim...gosto do Rock puro e duro, gosto de filmes de terror que mostrem os ínfimos pormenores das cenas mais marcantes... Totalmente consciente de que a vida não é feita só de flores e de amores, totalmente consciente de que apesar dos meus erros também acertei muitas vezes e totalmente consciente da pessoa que me tornei e hoje sou, admito, precisei do medo tanto quanto como da coragem. 
Assim como preciso calar certas coisas e dizer muitas outras, não por medo ou vaidade, mas para encarar no espelho a minha imagem, sem dedos ou panos, sem o medo, a verdade.



1 comentário:

Catarina Portela disse...

Olá Lua. Não sei se vim ajudar, se vim sofrer contigo, ou se pelo contrário te vim dar forças.
Não sei muito bem qual foi a tua "escolha adulta" que tanto me mudou a vida. Mas independentemente disso, ela foi de certeza importante para seres a mulher que és hoje.
Nos meus verdadeiros momentos dificeis. Que já são alguns, noto que também tenho algo em comum contigo.... Aquela parte de "Não me consigo recordar de datas exatas, somente situações, das quais muitas não me recordo com exatidão. Devo ter criado um bloqueio por sofrer." É verdade, também tenho esses apagões de memória, tanto ao nivel de factos, como de dats concretas. O nosso corpo e a nossa mente teem certamente a mesma forma de nos proteger.
Se desejares falar com alguém, contares a tua grande mudança... se precisares de gritar ao mundo o que te doi, não hesites, isso chama-se VIVER, depois só tem que existir rsponsabilidade nos actos... E Adultos, são adolescentes com responsabilidades, não dúvides disso :)
Beijinhos