segunda-feira, dezembro 6

Vista Por Dentro ...

Por dentro. Abre-me. Sou só ferida imensa. Carne viva a sangrar. Sem tempo ou pele suficiente para cicatrizar. Abre-me. Com o metal frio do bisturi impecavelmente esterilizado. Sou apenas mais uma. Mais um corpo. 

É quase bar aberto. Serve-te à vontade dos meus sonhos e vãs esperanças. Ridiculariza-os, espezinha-os. Fá-lo é de uma vez por todas. 

Elimina-os de mim. Para que nunca mais ceda à tentação de acreditar em ti. 


As marcas acumulam-se no corpo. No entanto, olho-me ao espelho e incrivelmente ainda acredito. Ainda quero acreditar. Quando sei que não posso, não devo e não quero. 



Acreditar: no ser humano.


"E agora, projectos para o futuro?"

Este foi o início de uma conversa que acabei antes de a mesma tomar outros rumos. 

Finjo um ar feliz por mais esta batalha emocional ganha e agradeço os parabéns.
Consola-os ver-me feliz: os familiares e amigos aplaudem de pé, quem me paga os vicios rejubila de gozo.

Cá dentro: igual ao antes, igual ao depois. Dormente.

Projectos para o futuro: nenhuns. 
O futuro já passou aqui. Bateu à porta sem ser convidado e eu recusei a entrada.
Não quero nada. Não espero nada. Não luto por nada. Não vibro com nada.
"À parte disso tenho em mim todos os sonhos do mundo".  Ou não.

Sem comentários: