Por dentro. Abre-me. Sou só ferida imensa. Carne viva a sangrar. Sem tempo ou pele suficiente para cicatrizar. Abre-me. Com o metal frio do bisturi impecavelmente esterilizado. Sou apenas mais uma. Mais um corpo.
É quase bar aberto. Serve-te à vontade dos meus sonhos e vãs esperanças. Ridiculariza-os, espezinha-os. Fá-lo é de uma vez por todas.
Elimina-os de mim. Para que nunca mais ceda à tentação de acreditar em ti.
As marcas acumulam-se no corpo. No entanto, olho-me ao espelho e incrivelmente ainda acredito. Ainda quero acreditar. Quando sei que não posso, não devo e não quero.
Acreditar: no ser humano.
"E agora, projectos para o futuro?"
Este foi o início de uma conversa que acabei antes de a mesma tomar outros rumos.
Finjo um ar feliz por mais esta batalha emocional ganha e agradeço os parabéns.
Consola-os ver-me feliz: os familiares e amigos aplaudem de pé, quem me paga os vicios rejubila de gozo.
Cá dentro: igual ao antes, igual ao depois. Dormente.
Projectos para o futuro: nenhuns.
O futuro já passou aqui. Bateu à porta sem ser convidado e eu recusei a entrada.
Não quero nada. Não espero nada. Não luto por nada. Não vibro com nada.
"À parte disso tenho em mim todos os sonhos do mundo". Ou não.
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