sexta-feira, março 25

Efémero...!

O que nos faz, mais do que tudo, querer viver?
O que é que nos faz querer ser livres?
Quando sabemos que somos livres?
Como sabemos que vivemos?

Os outros não sei. 

Eu sinto a vida através do silêncio. 

Da ausência de pensamento.
Do sentir quando não está, do saber quando não se vê, do amar quando se esgotaram as forças. 
Destes minutos que são horas, que eu faço companhia a mim mesma, e ao mesmo tempo a tanta gente me rodeia, sem o estar. 
Dos cinco que estão lá, que afinal são dois, mas não importa, parecem vinte. 
Deste não olhar ao espelho e ver a minha alma com os meus dedos.
Deste não sair do mesmo sítio e viajar para longe, ou para o outro lado da ponte.
Aceitar quem sou e como estou. 

Gostar de quem conheço. 
Acreditar, e mais que tudo, sentir que não há razão para fugir do que existe, porque se existe, é para mim. 
Para que eu me possa construir e me moldar ao que me rodeia.
Aceitar o meu destino, mas não me deixar vencer. 

Reconhecer as oportunidades certas para o mudar. 
E não perder a energia a pensar no que passou, e não planear o que não pode ser planeado. 
Saborear-te na viagem, e ter a companhia certa. 
Ter tempo para respirar, para tocar, para ouvir. 
Ver o mar, ouvir a chuva, tocar nas paredes das casas. 
Ter prazer nas pequenas coisas. Divagar.



domingo, março 6

Respirar 1..2..3 vezes (continuo)

Como é que eu pude?

Será que algum dia me vou perdoar? Esquecer?

Será que algum dia vou conseguir passar pelo menos um mês sem pensar nisso?

Como...?

Quem era eu?...em que direcção estava eu a ir? Como deixei que me fizessem tanto mal...como é que fui capaz de perder todo o amor-próprio? E...como é que, passado tanto tempo, ainda bato na almofada à noite quando penso nisso, ainda fico zangada...ainda me sinto culpada.
É incrível como somos capazes de coisas que vão completamente contra o que achamos correcto, como nos humilhamos, como ficamos cegos...

Será que tudo seria igual se....?

Sufoco. Sente um sufoco, um aperto interior…como se o matassem por dentro, aos poucos.
Um vazio transbordante que incomoda, sufoca, aperta e destrói. Um aperto no peito que o impede de pensar, de respirar, de se soltar. Sente um peso na cabeça que incapacita os seus movimentos.
A falta de algo…de alguém. Um abraço vazio, um beijo perdido…um sussurro inaudível. Um riso mudo e uma imagem perdida nos pensamentos que não existem. Grita. Encolhe-se. Chora em completo descontrolo…chama por alguém que não está ali…que nunca esteve. A parede é agora alvo da sua raiva, da sua impotência. Ouve um estrondo, abre os olhos…está no chão, olha em volta e tudo está diferente…nada é como deveria ser. Onde está o jardim dos seus sonhos? A criança que corria alegremente de pés descalços de encontro a si, o sorriso de alguém à sua espera naquela pequena casa tão cheia de felicidade?...outro estrondo.

Abre os olhos lentamente, uma lágrima corre-lhe pelo seu rosto cansado. Um suspiro, um beijo, um toque…um abraço quente, acolhedor. Estrondo. Sangue. “Amo-te” (um sussurro). Silêncio. Suor, uma carícia, um grito…um sorriso. Outro estrondo.


Debate-se entre pensamentos, fantasias, dúvidas e realidade. A parede continua ali. Corre desenfreadamente contra ela; ele existe, está ali...sente o sangue das sucessivas pancadas na parede, sente a dor de mazelas antigas e recentes…sente a tristeza, a raiva, a saudade…onde está o jardim dos seus sonhos? A criança das suas memórias e a mulher da sua vida…

Senta-se no chão numa apatia total…sorri. “Estão aqui” sussurra baixinho, temendo perdê-las se falar alto demais…não as quer assustar. “Estão aqui…” diz, chorando baixinho de felicidade.

Estende os braços para o vazio…abraça alguém que só ele vê.
Por breves momentos aquele sufoco desaparece.

quarta-feira, março 2

...Quando ?

Sinto-me cansada.
Cansada de me sentir assim. 
Estou mesmo cansada...é a única palavra de que me lembro neste momento. Queria que isto parasse.
Quero.
Parece que já não consigo aguentar muito mais...como se este aperto me fosse consumir por dentro.
Não sei a quem pedir para parar. Não sei como parar esta angústia. 
Este vazio, este sufoco que me invade...estou farta, cansada...tão cansada.


De um olhar de desprezo, voz cheia de rancor.
Palavras secas e diálogos ignorados num jogo de mágoa prevista.
Deixa-me!
Não procures em mim o alicerce que perdeste eu não sei ser e não largues em mim a raiva que já não sabes esconder.
Não mereço! 
Não quero! 
Nem sei.
São dois anos a aplaudir os teus erros com desculpas em magoas, um ano a sofrer por danos que não causei.

Dizem que quando estamos mal descarregamos toda a mágoa e toda a raiva acumulada em quem mais nos quer bem.

Tem que ser assim?

Quando é que vou estar à altura das tuas expectativas? 
Quando é que vou poder estar bem contigo sem pensar que tal paz não vai durar?
Tenho uma novidade para ti: "eu não sou a única culpada" ....